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SOBRE NÓS

     Ao iniciar sua jornada amazônida, a Professora Dr.ª. Pritama Morgado Brussolo navegou às águas do Madeira até a cidade de Porto Velho, onde leciona na Universidade Federal de Rondônia.

     Em harmonia à sua chegada, duas acadêmicas e artistas propuseram-na uma exposição conjunta, surgindo então a oportunidade de estreitar laços oficiais junto a Universidade para facilitar a entrada de outros pesquisadores curiosos e artista em ascensão. Assim, um grupo singular de acadêmicos dos cursos de Artes Visuais, Música, Psicologia e Teatro instituiu o primeiro Grupo de Pesquisa e Extensão da universidade voltado para o estudo e criação de obras de arte.

     Unindo-se, os integrantes perceberam o desafio de buscar um denominador comum, sendo o elemento fundador do grupo a força criativa, e que seria crucial conciliar suas produções para que, apesar de processos criativos individuais, uma possível exposição coletiva estivesse em harmonia aos olhos do espectador. Para fortalecer o coletivo Espaço para Criações Poéticas, iniciaram a construção de mapas visuais, prática que consiste no agrupamento de referências pessoais importantes para o processo criativo das obras de arte. Este item é fundamental para que cada integrante pudesse esclarecer suas próprias referências - um momento propício para a pesquisa - aquilo que o sustenta e o motiva a criar. Ao determinar a construção de mapas visuais individuais, que posteriormente seriam adotados como parte da metodologia do grupo, foi possível destacar e revigorar as pesquisas dos participantes, facilitando o desenvolvimento de uma descoberta comum a todos os artistas.

     Com os mapas em mãos e às vésperas da IV Semana UNIR de Arte e Cultura, os artistas reuniram suas obras e as expuseram dentro do espaço universitário em uma exposição coletiva chamada Laboratórios Experimentais: transformações e repetições; contudo, apesar dos esforços, o que deveriam ser obras em uníssono mais pareciam peças embaralhadas de diferentes quebra-cabeças.

     Ponderaram o que poderia ser feito para remediar a incompatibilidade estética que os consternava e, em meio ao caos, encontraram asilo naquilo que todo bom aprendiz almeja: o saber. Foi assim que os partícipes, antes perdidos no que era um dilema similar à caverna de Platão, encontraram sua luz, no respaldo teórico de Miwon Kwon, e sua pesquisa em site specific, e em Luiz Fuganti com sua visão de que o artista cria a si mesmo ao criar sua obra de arte.

     Sincronicamente, os ambiciosos artistas tornaram-se pesquisadores por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e posteriormente adquiriram bolsas advindas da aprovação no Programa de Bolsas e Extensão e Cultura (PIBEC) e o conquistaram, dispondo então de título e verba para elevar suas pesquisas e criações.

     Assim, instigados pelos ideais de Kwon, começaram a refletir a respeito de locais abandonados, lugares marginalizados na memória coletiva e como resgatá-los. Seria possível restaurar a autenticidade do significado, memória, história e identidade dos lugares? Ou melhor, seria possível ressignificá-los, reinventar sua história, tornando-a ficção, e ainda, pertencendo a identidade de cada membro? Esta tornou-se então a grande jornada dessa dos participantes, conduzindo o norte do coletivo a partir de então.

     Fortunamente, os alunos depararam-se com uma antiga construção em ruínas, o que antes fora um teatro municipal de dança e previamente um cinema, agora tornara-se uma obra de arte por completo, contendo partes de um todo do que viria a se chamar Ocupações Estéticas: (entre) lugar. Com esta exposição, pareciam finalmente estar em harmonia como um grupo e acomodaram-se no descanso de uma batalha conquistada.

     Durante a pausa, os integrantes dedicaram-se a projetos individuais e buscaram novos horizontes. No mais, durante o 28o Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP) a professora Pritama descobriu em si a vontade de tornar a floresta, a natureza seu cerne poético e retornou ao grupo com novos ares, novas vontades e descobertas; surgiu então uma nova obra coletiva: cultivar a cura por meio de gestos simbólicos do plantio. As ações, enquanto gestos de cura, são pensadas de forma ritualística, visando resgatar costumes e tradições dos povos originários.

     Como procuravam apoio financeiro para auxiliar as atividades, depararam-se com o Projeto Rumos e puseram-se a pensar em novas faces para um coletivo que parecia novamente abalado com suas diferenças. Apresentaram uma nova proposta, desta vez relacionada ao mapeamento de áreas que sofreram impactos, modificações e transformações na sua paisagem a partir de grandes empreendimentos advindos de políticas de colonização e desenvolvimento em Rondônia. Deste modo, o processo criativo do coletivo seria engendrado como um ato político e afetivo em direção às feridas coloniais.

     No decorrer das coisas, o coletivo propôs a Caminhada poética: enterrar para curar com o objetivo de desenvolver uma ação poética em que os participantes tivessem a oportunidade de simbolicamente curarem suas feridas emocionais aguçando suas subjetividades e compartilhando esses sentimentos com os participantes. Porém, os universitários divergiam. Com abismos ideais, objetivos contrários, diferenças criativas, as peças se desordenaram uma vez mais, de maneira tal que o fim parecia iminente. 

   

    Aos trancos e barrancos, o grupo conseguiu lidar com o colossal rompimento. Houve perdas e laços estremecidos, mas hoje o Espaço para Criações Poéticas renasce, mais disposto e unido, com ímpeto criativo. 

   

     Sabemos de onde viemos, resta descobrir para onde vamos...

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