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CAMINHADA POÉTICA: ENTERRAR PARA CURAR

08.12.2019

A proposição artística Caminhada Poética: Enterrar para curar tomou forma após rodas de conversa, diálogos do coletivo e debates acerca dos processos que aconteceriam durante a caminhada. Foi assim que nós, artistas-pesquisadores do Projeto de Extensão Espaço para Criações Poéticas, guiamos uns aos outros a uma proposição real e significativa.


O Norte desta proposição foi o desenvolvimento de uma ação poética em que nós participantes tivéssemos a oportunidade de, simbolicamente, curar nossas feridas emocionais, aguçando nossas subjetividades por consequência e, por fim, compartilhar esses sentimentos com nosso coletivo. Tivemos também o desejo de, por meio de um ato simbólico, criar a nós mesmos sustentados pela introspecção com a natureza; neste sentido, optamos pela mata como lar desta Caminhada.


Paramentados com tons de vermelho, buscando integração com a natureza, escrevemos questões individuais que necessitavam de cura. Caminhamos pelos arredores do bloco de Educação Física e ao adentrar a mata depositamos nossas perguntas dentro de uma cuia de coité, fruto comum na região. Dispostos em um círculo, frente a frente, permanecemos em silêncio. Em seguida, cada um de nós leu silenciosamente uma pergunta resgatada aleatoriamente, a absorvemos; depois desfizemos o círculo e iniciamos nossa Caminhada em direção à mata, sempre na aspiração de conexão com ela. A comoção tamanha resultou em um grande abraço e cada um de nós buscou responder a pergunta a nós direcionada. Ainda como parte do ritual, acendemos duas velas e após seguir caminho até um buraco no chão, queimamos os papéis, transformando em cinzas as feridas abertas. Enterramos e seguimos caminho até um igarapé, ali nos lavamos, purificando os resquícios remanescentes das cinzas em alusão às dores. Apenas no retorno voltamos a conversar e logo no ponto de partida partilhamos nossas experiências e sensações experienciadas durante a Caminhada.


Neste processo, fomos convidados a compreender mais a natureza, a si, e a coletividade; nos comprometemos de forma ritualística com a dor e com a cura, responsabilizando-nos por nossos destinos e por nossas (re)ações a frente deles de forma poética.

"Durante o percurso da caminhada eu passei tanto por um processo de introspecção, – o contato comigo e a ação da natureza foi bastante intenso – e uma sensação de acolhimento para com as pessoas do grupo, foi uma sensação única e revigorante."

Guilherme Ocampo

"A caminhada foi importante para o meu desenvolvimento pessoal e para entender como a coletividade em meio as turbulências é capaz, de alguma forma, de ajudar no processo de cura e reconstrução a partir de danos internos causado pelo adoecimento vindo da universidade e vida social."

Felipe Bandeira

"Partindo em busca de respostas a caminhada me colocou num encontro comigo mesmo, o racional e o emocional, juntos e com o mesmo peso. Foi possível refletir o quanto ambos lados ocupam um espaço em minha cabeça e como me dominam, por vezes o emocional prevalece. Ter a consciência de ambos lados foi a resposta, procurar um equilíbrio. Fisicamente a caminhada me trouxe a lembrança da minha infância, da minha ligação com o externo e o meu interno."

Rafael Correia

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